Editorial
Reflexões sobre o papel da imprensa
No feriado da Proclamação da República muitas pessoas se depararam chocadas em seus celulares com a informação de um casal sendo assassinado na avenida Duque de Caxias, no Fragata. Foram centenas, milhares de prints contando a história. Nenhum do Diário Popular ou outro veículo tradicional de imprensa da cidade. Por que? Porque não aconteceu! Houve, de fato, uma tentativa de assassinato, mas ninguém morreu. Enquanto páginas de redes sociais e grupos de mensagens instantâneas deliciavam-se no imediatismo, os jornais, de verdade, foram atrás de informações reais.
Eis, então, a importância do papel da imprensa. Diariamente, repórteres e editores dos jornais ouvem críticas de que a página tal noticiou algo muito mais rápido do que nós. Isso se dá pela responsabilidade editorial - ou falta dela - em muitos casos. É melhor atrasar uma postagem do que dar uma bola fora. Volta e meia, alguém é morto sem morrer - em especial famosos - e lá estão jornalistas desmentindo. Ou então, acontecem aquelas acusações, dedos apontados e os jornais ponderam antes de se atirar, respiram e analisam a situação de vários ângulos, através de diversas fontes e tudo mais, dentro do que manda o manual de boas práticas jornalísticas.
É muito mais fácil seguir essas páginas de fofoca, sem responsabilidade legal e editorial qualquer, que noticiam o sangue e atiram tudo sem filtragem. Depois, é só editar ou deletar a publicação. Um jornal não pode, nem tem como fazer isso. É um documento. O leitor, quando assina um jornal, não paga apenas pela notícia e pelo papel (ou pelo acesso a links no site). Paga, também, pela certeza de seriedade. Erros acontecem, e seguirão acontecendo, claro, mas depois admite-se, corrige-se e faz-se erratas. Há responsabilização.
Diante de todos os cenários horríveis que vivemos nos últimos anos, que passa por pandemias, polarização política extrema e guerras, a checagem de fatos por parte de órgãos de comunicação preveniu, e segue prevenindo, muita coisa ruim, muita mentira e muito do belicismo da nossa sociedade. Portanto, se muitas vezes falta imediatismo, é porque ao invés disso está sendo feita a checagem e a apuração devida de todos fatos. E que assim siga sendo!
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